“Era uma vez um xeque visionário. Seu reino, na costa do Golfo Pérsico, era uma aldeia sonolenta e tórrida habitada por pescadores, mercadores e coletores de pérolas. Eles ancoravam seus decrépitos dhows em um arroio que serpenteava na direção da cidade. Mas onde outros viam apenas um riacho salobro o xeque Rashid bin Saeed al Maktoum viu uma estrada para o mundo”
(Revista National Geographic – 2007 / pg. 80)
No célebre ano de 1959, um ilustre e sonhador xeque, por nome Rashid bin Saeed al Maktoum, adquiriu um exorbitante empréstimo de seu abastardo vizinho petroleiro, o Kweit. A imagem imediata de tal ato parecia loucura aos olhos de muitos, mas o reflexo de tamanha coragem e ousadia viria a se concretizar na forma de um emirado (“cidade-estado”), onde a fantasia e o inimaginável por vezes são confundidas com a realidade.
A partir deste marco, eis que surge o progresso: não era mais aquela antiqua Dubai, uma terra desolada e esquecida, entregue à própria sina, habitada por paupérrimas pessoas que lutavam pelo direito de viver, através das escassas dádivas do Golfo Pérsico, mas sim uma Dubai cosmopolita, renovada e enobrecida, a qual no seu esplendor irradia para o mundo uma mistura de extravagância, charme e mistério.
O xeque Mohammed bin Rashid al Maktoum, filho do “fundador” da nova Dubai, é o atual governante. Se os feitos de seu pai foram mirabolantes e fantásticos, do seu filho não se pode dizer o contrário. Assim como seu pai governou o emirado com astúcia e sabedoria, assim também o faz seu filho. Este tem feito a economia de Dubai crescer 16% ao ano, superando o crescimento anual da China. De 1992 à 2002, foram erguidos aproximadamente 100 arranha-céus. Hoje Dubai, atrai mais turista do que a Índia e mais barcos que Cingapura. Pessoas de 150 nacionalidades diferentes habitam no emirado e, por incrível que pareça, todos respeitam-se, independentemente de etnia ou credo religioso. A este respeito, declara o xeque Mohammend al Maktoum: “Não sei quem é sunita, nem quem é xiita, nem quero saber”, diz mais: “Se trabalha duro e não incomoda seus vizinhos, você tem um lugar em Dubai” (Revista National Geographic – 2007 / pg. 92).
Apesar de parecer uma cidade de outro planeta, ou mesmo um mundo dos sonhos, Dubai, como toda “metrópole”, possui seus submundos. Ora, uma cidade com abundancias de prédios e arranha-céus ofuscantes, com certeza emprega muitos engenheiros civis (aliás, possui a avenida com o maior número de engenheiros em atividade no mundo), mas para se executar uma obra, precisa-se também de trabalhadores servis (a grosso modo, “pedreiros”). Devido a esta inevitável necessitade de mão-de-obra barata e desqualificada, o emirado abriga uma verdadeira multidão empobrecida de trabalhadores sul-asiáticos. Estes, compõem mais de 60% da população dubaiense. Segundo a ONG “Humans Rights Watch”, o trabalhador médio de Dubai, ganha cerca de US$ 5,00 dólares em massacrantes 12 horas diárias de trabalho. A instituição registrou a morte de 900 operários em 2004, muitos deles, por insolação.
Outro fato estarrecedor sobre emirado, é a elevado concentração de prostitutas. Estima-se que cerca de 10 mil mulheres são vítimas de tráfego sexual. Em geral, são provenientes de China, Índia, Leste Europeu (principalmente Rússia) e África ocidental.
Portanto, esta é Dubai, um verdadeiro milagre do Golfo Pérsico, um lugar plantado na areia do deserto, o qual semelhante a Fênix, renasceu das cinzas, ou melhor, da areia. Este é um lugar atípico, extraído dos distantes sonhos de um homem, o qual fez do impossível, algo concreto.
NOTA: em breve serão postadas mais informações sobre Dubai, em específico sobre os problemas ambientais causados no Golfo Pérsico e sobre os projetos e principais obras executados no emirado
Postado por Getúlio B. Honorato
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